As vezes eu fico meio decepcionada com a profissão que escolhi..Vai dando um desanimo, uma vontade de buscar novos rumos. Não por causa das crianças, essas, como ja cansei de dizer aqui e em qualquer lugar, são a melhor coisa de ser professora. Enfim, não vou debater algo extremamente polemico, complexo, ja que este nao é o objetivo do blog.
Mas isso é fato, as caraminholas, as vezes invadem este cerebro e ai, surgem ideias...
E esta semana parece que o universo quer me mostrar que devo sim ,continuar nesta profissão que me enche de prazer e orgulho, pois os problemas sempre existirão, onde quer que eu va.
Ontem tive reunião de pais e, para maioria, era a primeira...Ver mamães cheias de orgulho, olhando as primeiras atividades de seus pequenos, com os olhos brilhando,me amoleceu.
Uma mãe veio me perguntar oque eu achava de sua filha passa a frequentar o periodo integral, pois estava trabalhando. Sua preocupação era com a adaptaçao da filha a nova rotina, mas quando ela soube que, ao fazer isso, sua filha ficaria com outras professoras, desistiu na hora. Não tinha coragem de "tira-la"de mim...
E hoje, quando cheguei a escola, recebi um recado para ligar para a mãe de uma criança, que nao faz parte da minha turma. Fiquei surpresa quando descobri que a criança era , na verdade,uma ex- aluna, que hoje tem 11 anos.
Uma criança super especial, cadeirante, vitima de paralisia cerebral com sequelas apenas fisicas. A irmã era normal ( acho estranho falar assim) e as duas foram minhas alunas por um ano.
Historia triste, pai abandonou quando soube, mae luta ate hoje sozinha.
Ja se passaram seis anos desde a ultima vez que as vi e sempre me perguntava por onde andavam...
A mãe entrou em contato com a escola perguntando se eu ainda estava por la, que as meninas querem me ver, ja que sou "a tia que elas nunca esquecem".
Retornei a ligaçao quando cheguei em casa e a mãe me emocionou com cada palavra. Acreditam que, depois que ela saiu da minha escola, ficou 4 anos em casa, sem estudar, por que nenhuma escola a aceitava na cidade pra onde ela foi? ( Inclusão!! cade voce????)
A mãe me disse que o fato de aceitarmos sua filha sem desculpas marcou demais a vida delas, somos especias por este motivo...
Obs: isso é triste, aceitar um deficiente deveria ser rotina! Seique são muitos casos, mas o dela é perfeitamente passivel de inclusão..
Tambem sei que nao é facil, muitas vezes eu não sabia como proceder com ela, afinal, a deficiencia era só fisica, entendia tudo oque se passava a sua volta e nao aceitava ser tratada de maneira diferente. Mas era necessario, na maioria das vezes, usar recursos e metodos diferenciados. Ela sempre foi esperta demais!
Mas o melhor de tudo era ver os demais alunos, tranquilos, tratando a situação como se fosse a coisa mais natural do mundo, sem preconceitos. Pelo contrario, eles entendiam que todos possuiam uma caracteristica, uma dificuldade, um talento...Eramos todos DIFERENTES, mas e dai? Isso nao incomodava ninguem...Alguns pais de outras turmas chegaram a fazer comentarios preconceituosos, mas filtramos, deixamos pra la.
Bom, agora ela esta morando numa cidade proxima e logo vira me visitar. Com certeza, voces saberão como foi...
Se quero mudar de profissão?? nem pensar!! Eu fiz diferença na vida de UMA criança, ja valeu a pena!